Mulheres Guarani e Kaiowá realizam Assembleia virtual e precisam de apoio

Conselho Das Mulheres Kaiowá e Guarani lançou uma Vaquinha virtual para suprir algumas demandas, entre elas, o acesso à internet, já que alguns pontos de transmissão serão instalados em aldeias participantes do evento.

Por Naine Terena

Mulheres indígenas Guarani e Kaiowá,  a segunda maior população indígena do Brasil, localizada no estado de Mato Grosso do Sul, realizam entre os dias 28 e 30 de novembro de 2020 a VIII Kuñangue Aty Guasú – A Grande Assembleia das Mulheres Guarani e Kaiowá. A novidade é que o evento será realizado virtualmente, o que possibilita a participação de mulheres Guarani e Kaiowa de diferentes aldeias de Mato Grosso do Sul, além de pessoas interessadas nos debates realizados durante o evento. 

Para a realização do evento, a organização lançou uma Vaquinha virtual (http://vaka.me/1540733) para suprir algumas demandas, entre elas, o acesso à internet, já que alguns pontos de transmissão serão instalados em aldeias participantes do evento.

O Conselho Das Mulheres Kaiowá e Guarani – Kuñangue Aty Guasu.A Kuñangue Aty Guasu  é liderado por mulheres Guarani & Kaiowá e Ñandesys (pajés) que neste momento se encontram isoladas devido à Covid-19  e por isso a transição para o formato online propõe uma série de desafios logísticos e de infraestrutura.  

Desde 2006, buscam reunir e fortalecer a resistência por meio da Kuñangue Aty Guasu – A Grande Assembleia das Mulheres Guarani e Kaiowá, que se tornou um dos mais importantes espaços de troca de informações, denúncias de violações de direitos humanos e elaboração de propostas de ação. Para as mulheres, este evento é um local chave para a mobilização política e espiritual Guarani & Kaiowá.  A organização afirma que durante séculos, os direitos à terra, à saúde e à sobrevivência foram negados aos Guarani e Kaiowá, que tem situações graves de violações aos direitos humanos, inclusive estando expostos a pesticidas tóxicos da agricultura em grande escala e sofrendo ataques de homens armados, entre outras ações violentas. 

As atividades serão transmitidas pelas redes sociais (YouTube e Facebook) Kuñangue Aty Guasu – Assembléia das Mulheres Guarani e Kaiowa . Além da Vakinha outros itens podem ser doados para a organização do evento, como alimentos, produtos de higienização, entre outros.

Informações:  [email protected]

Veja abaixo a programação do evento:

VIII KUÑANGUE ATY GUASU ON-LINE

Grande assembléia das Mulheres Kaiowá e Guarani

28 À 30 DE NOVEMBRO DE 2020

08hs às 09:40hs / horário de MS

Abertura oficial com muito nhembo’e /reza das Nhandesys, diretamente dos nove pontos de acesso de internet em territórios Kaiowá e Guarani.

Apresentação de cada companheira que compõe a equipe da Kuñangue Aty Guasu. Obs: Cada Tekohá tem dez minutos para reza de abertura

Pauta do dia: Saúde da mulher indígena.

Mesa 1: Os desafios da saúde indígena em territórios Kaiowá e Guarani.

09:40 às 11:30 / horário de MS

Palestrantes Nhandesy Kaiowá e Guarani: Rosely Panambizinho, Ilma Guapo’y Amambai, Adelaide Limão Verde, Martina Rancho Jacaré e Adelina Guyra Kamby’i.

Covid-19 e desigualdade étnica e social: Convidada Telma do Povo Taurepang/Roraima e Indianara Ramires Machado (AJI).

Mesa 2: II Encontro das parteiras Kaiowá e Guarani do cone sul de MS.

13:00 as 16:00 hs / horário de MS

Mediação/tradução: Aranduhá e Rosy

– A saúde na perspectiva da mulher indígena Guarani e Kaiowá:

– A saúde materna e a violência obstétrica;

– Os cuidados das parteiras Guarani e Kaiowá em território indígena;

– A necessidade de diálogo entre a rede interna e externa de cuidado à saúde da mulher indígena;

– Lançamento das Casas de Medicina tradicional.

Palestrantes:

Nhandesys Kaiowá e Guarani Lucila Amambai, Ivone Panambizinho, Neuza Guyra Kamby’i, Rosalyna Panambizinho, Adelina Laranjeira, Fausta freita Nhanderu Marangatu, Martina. Rancho Jacaré, Teresinha Bororo e Helena Limão Verde.

Participação especial: Digna do povo Pai Tavy Terã/Paraguai.

17hs – Encerramento dos trabalhos com Nhembo’e jerovassa.

Mesa 3 : Valorize a artesã indigena:

16 às 18hs

Exposição e venda on-line de artesanatos Kaiowá e Guarani.

Mesa 4 : Articulação de mulheres indígenas comunicadoras

19:00hs as 21:00hs

● Mulheres indígenas na comunicação e audiovisual: traduzindo vozes da ancestralidade em defesa da vida e território.

Mediação: Daniela Tekohá Guyra Kamby’i, Marisol Tekohá Laranjeira e Michele Tekohá Panambizinho.

Convidadas: Graciela Guarani, Naine Terena, Tamikuã pataxó Faustino, Aliã Wamiri, Miguela Moura, Katu Mirim, Eunice Baia, e Avelin Buniacá Kambiwa, Jade Koa Kuera e Leyde Katara.

29 de Novembro de 2020

Mesa 5

08:00 às 10hs / horário de MS

Pauta do dia: A violência na vida das Mulheres Guarani e Kaiowá.

Mediação/tradução: Alenir, Valdineia, Janete, Vanderléia e Mbo’y Jegua.

● Mulheres Kaiowa e Guarani: Descolonizando os saberes entre a aldeia e a universidade.

● Mulheres Guarani e Kaiowá defensoras de Direitos Humanos / ativistas em ameaças;

● O caminho da violência e as marcas nos CORPOS/VIDAS das Mulheres Guarani e Kaiowá;

● A luta que custa a vida para manter vivas as identidades indígenas;

● A proteção para as crianças, Nhandesys e mulheres indígenas em situação de violência e fome.

Palestrantes: Nhandesys Adelaide – Tekohá Limão Verde, Ivone – Tekohá Panambizinho, Adelaide – Tekohá Guyra Kamby’i, Leila Rocha – Tekohá Yvy Katu, Vanda – Tekohá Rancho Jacaré e Lucini – Tekohá Laranjeira.

13hs às 16hs / horário de MS.

Lançamento do relatório do Mapeamento da Violência contra as Mulheres Kaiowá e Guarani 2020.

Palestrantes: Mbo’y Jegua Tekohá Laranjeira, Aranduhá Tekohá Jaguapiru, Vanda – Tekohá Rancho Jacaré, Flavia – Tekohá Pirakua, Rosy – Rancho Jacaré, Valdineia – Tekohá Panambizinho, Alenir – Tekohá Nhanderu Marangatu, Janete – Tekohá Guapo’y e Leila – Tekohá Yvy Katu.

Convidados: Sonia Guajajara APIB, Lidia CIMI, Marcos Antonio MPF, ONU Mulheres, FIMI, NUPIR, Dra. Neila Defensoria Pública de MS e MPE.

Mesa 6:

Lançamento da plataforma On-line da Kunangue Aty Guasu

19hs às 21hs

Abertura: MC Ana Aranda Guarani e Kaiowa

Mediação: Vanda – Tekohá Rancho Jacaré, Rosy Tekohá Rancho Jacaré, Aranduhá – Tekohá Jaguapiru, Valdineia Tekohá Panambizinho e Dani Guyra Kamby’i.

Convidadxs: Rafaella Fryer Moreira – Londres/Inglaterra, Fabiana Fernandes Oga Yvytu/IDAC e Lorena – FIMI.

Encerramento: Reza das Nhandesys.

30 de Novembro de 2020

Mesa 7: Conjuntura política atual, Coronavírus em territórios Kaiowá e Guarani e a demarcação de terras indígenas

07:40 hs – Abertura dos trabalhos, Nhembo’e jerovassa.

08:00 às 10 hs/horário de MS.

Mediação/tradução: Mbo’y Jegua, Rosy, Leila Rocha, Flavia Arino e Alenir.

● Marco Temporal e as demarcações de Terras Indígenas Kaiowá e Guarani

Palestrantes: Leila Rocha Guarani Nhandeva – Tekohá Yvy Katu, Nhandesy Helena – Tekohá Limão Verde, Luíz Eloy/Apib e Marcos Antonio Delfino De Almeida/MPF e Tonico Benites/Aty Guasu.

Mesa 8 : Chamada da Kunangue Aty Guasu ao mundo: leitura do relatório final da VIII Kuñangue Aty Guasu.

13hs às 15hs / horário de MS

Mesa 9: Vidas indígenas importam: Enquanto houver o som do Mbaraka e do Takuapu vai ter LUTA.

15hs às 17hs / horário de MS

Mediação/tradução: Vanda, Flavia, Alenir, Valdineia, Alenir, Janete, Leila e Rosy.

Vidas indígenas importam: Nhandesys, Jaris, Anciãs, parteiras presentes.

Convidados: RAJ e a Aty Guasu.

Mesa 10: Aliança entre lutas: Um chamado das Mulheres Kaiowá e Guarani.

19:00 hs as 21 hs –

Kunangue Aty Guasu,

Indianara/AJI,

Margarida – MMC,

Adriana Pataxó

Célia Xakriabá

Telma Taurepang

Avelin Buniaka

Encerramento da VIII assembléia da Kuñangue Aty Guasu On-line 2020, com a reza Kaiowá e Guarani

21:00 hs / horário de MS

ENQUANTO HOUVER O SOM DO MBARAKA E DO TAKUAPU VAI TER LUTA!

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

Sobre a crise na UERJ

Por RODRIGO PEREZ OLIVEIRA, professor de História na UFBA Ao longo das últimas semanas, vimos acontecer aquela que talvez tenha sido a maior crise em

A bahia que não veremos em Renascer

A Bahia que não veremos em Renascer

Enquanto a estreia do remake da novela “Renascer” promete ressuscitar a cultura do cacau na Bahia nas telas e o culto ao “bom coronel”, a dramática realidade no Sul do estado contradiz a narrativa ficcional. “Renascer” busca entretenimento, mas o segundo estado com maior população indígena do Brasil enfrenta uma realidade que não é mostrada nas tramas televisivas.