Agosto Indígena no Sesc SP: uma imersão nos saberes e fazeres dos povos originários

Com o tema Brasil Terra Indígena, projeto idealizado em celebração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado em 9 de agosto, reúne cerca de 150 atividades na capital, interior e litoral do Estado de São Paulo.
Divulgação SESC SP. Foto: Rafael Salvador.

Por Luiza Abi Saab

Com diversas ações em 35 unidades do Serviço Social do Comércio (Sesc), 20 na capital e Grande São Paulo e 15 no interior e litoral do estado, o Agosto Indígena convida a todos para um exercício coletivo de valorização da diversidade dos povos originários no Brasil por meio de apresentações, oficinas, exibição de filmes, feira literária, vivências coletivas, contação de histórias e cursos.

Celebrado pela Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de 9 de agosto de 1995, o Dia Internacional dos Povos Indígenas resultou de esforços de representantes de diversos países. Em 2021, o Estado de São Paulo criou o Agosto Indígena por meio da Lei 17.311, de autoria da deputada estadual Mônica, da Mandata Ativista. Integrante do coletivo, a pedagoga e codeputada Chirley Pankará foi decisiva para a proposição da lei.

Abertura e destaques

Com identidade visual criada pelo artista Denilson Baniwa e o Coletivo SP Terra Indígena, o Agosto Indígena, que nesta edição realiza ações orientadas pelo tema Brasil Terra Indígena, terá como marco uma programação especial no Sesc Consolação, na capital paulista, neste 9 de agosto, composta por duas atividades em celebração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas.


Das 18h às 18h45, a cerimônia de abertura terá início com o Sarau UruKum, um encontro multiétnico e independente que se desdobra em intervenções artísticas que abordam questões relevantes aos povos indígenas na contemporaneidade.

Sarau UruKum (Foto: Natália Tupi)

Das 19h30 às 21h30, o Teatro Anchieta será palco de Avaxi Nhenhoty. Inspirado no plantio de milho pelos Guarani e dirigida por Cibele Forjaz, o encontro reúne os Guarani do Jaraguá – representados pelo Coro Guarani Kyre’y Kuery, David Vera Popygua Ju e Xeramõi José de Quadros Vera Popygua, com as multiartistas indígenas Glicéria Tupinambá, Uýra Sodoma e Zahy Tentehar.

Ao longo de todo o mês, a programação do projeto inclui cerca de 150 atividades, majoritariamente livres para todas as idades e gratuitas, a exemplo das duas apresentações da cerimônia de abertura.

Entre os dias 22 e 24/8, o Sesc Avenida Paulista apresenta três encontros com Geni Núñez, escritora e psicóloga que, por meio de sua pesquisa acadêmica, tem proporcionado importantes reflexões sobre as perspectivas indígenas acerca de temas como etnogenocídio, raça, luta anticolonial e antirracista.


No dia 22, a ativista guarani abordará o tema Artesanias Relacionais: Uma discussão sobre ciúmes e combinados. No dia 23, com a colaboração de Jaci Jaxuka Martins, indígena Guarani Mbya e liderança da terra indígena do Jaraguá (SP), Núñez ministrará o curso Perspectivas Indígenas Antirracistas: Contribuições para a Luta Anticolonial. No dia 24, debaterá com os psicanalistas Kwame Yonatan e Laura Lanari, na roda de conversa Aquilombamento nas Margens: Geni Núñez.

Imersão nos saberes e fazeres

A pluralidade de ações do Agosto Indígena também permitirá ao público uma imersão nos saberes e fazeres de diversos povos originários, com o acesso a oficinas de artesania e interações lúdicas por meio de danças, jogos e brincadeiras ensinados por educadores, como Karai Valcenir Tibes, Eliane da Silva e Rony Tibes, da Terra Indígena Tenondé Porã (SP), que estarão presentes nas tardes de sábado, de 5 a 19 de agosto, no Sesc Santo André.

“O poder ancestral das ervas”. Foto: Ramon Andrade


Em visitas mediadas ao Planetário do Carmo, atividade que integra a programação do Sesc Itaquera, a compreensão de fundamentos da astronomia indígena e a relação empírica dos povos originários com o céu será compartilhada em duas tardes de sábado, dias 19 e 26/8, pelo escritor e ativista Antony Jaray Poty.

Entre as ações de vivência, o Agosto Indígena também promoverá visitas mediadas à Aldeia Renascer Ywyty Guaçu, em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo; à Aldeia Kuaray Oua, na Terra Indígena Tenondé Porã, na zona sul da capital, onde será realizado um mutirão de plantio baseado na roça Guarani; e na Reserva Indígena Multiétnica Filhos Desta Terra, em Guarulhos, onde os participantes farão um passeio pela trilha ecológica da terra indígena e terão contato com a relação destes povos com a natureza, por meio de atividades de canto, danças e brincadeiras indígenas.

No CineSesc, além da estreia do filme Bibiru: Kaikuxi Panema, que contará com a presença dos diretores Latso Apalai e André Lopes, Miradas Femininas, uma seleção de seis filmes com curadoria de Júnia Torres, apresentará produções de diretoras que registram e atualizam rituais, além de dialogar com expressões poéticas no cinema.

Foto: Divulgação Cine SESC. Xe ñe´e

Na abertura dessa programação, em 17/8, as cineastas Graciela Guarani, Marta Tipuici Manoki, Kerexu Martim e Jera Guarani participam de uma conversa mediada por Júnia Torres. O bate-papo ocorre das 18h30 às 20h30. Na sequência, serão exibidos os filmes Aguyjevete Avaxi’i (Brasil, SP/Guarani Mbya, 2023, 20 min); e Ajali Numa: O jogo de cabeça dos Manoki e Myky (Brasil, MT/Manoki, 2023, 73 min).


Confira a programação completa das unidades do Sesc que acolherão a edição Brasil Terra Indígena do Agosto Indígena.


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