Por Flávia Rocha-Mello
Em discursos emocionados, os dirigentes relataram as perseguições e cortes orçamentários sofridos desde 2019, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro tomou posse. O presidente da Andifes, Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, Ricardo Marcelo Fonseca, fez questão de revelar como as Universidades foram maltratadas pelo governo anterior e colocou os reitores à disposição para ajudar o Brasil a se desenvolver.
“Fomos colocados como alvo, fomos alijados do nosso papel natural que é estar a serviço do país. Por isso, agora neste novo governo, nos colocamos a serviço do Brasil.”
O ministro da Educação, Camilo Santana, falou dos desafios que o novo governo enfrenta. Disse que encontrou um setor desmontado e que é hora de reconstruir. Para ele, é preciso ampliar o acesso à universidade e reduzir a evasão que supera os 60% nas instituições privadas e aumentar os bolsas de estudo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) que não são reajustadas desde 2013.
“São inúmeros os desafios, mas nenhum lugar cresce e gera justiça social sem investir na educação. Isto garante a soberania nacional”, disse.
O presidente Lula já começou o discurso chorando, se emocionou ao falar dos atos terroristas de 8 de janeiro e exaltou os trabalhadores terceirizados que limparam e estão reconstruindo o Palácio do Planalto e cobrou do ministro da Casa Civil, Rui Costa, a valorização dos trabalhadores que ganham pouco e nem plano de saúde têm.
“Não faz sentido que aqui no Palácio do Planalto, onde o presidente fala todos os dias em justiça social, que a gente tenha trabalhador terceirizado. A gente tem que contratar profissionalmente e dignamente para que eles ganhem mais do que um salário mínimo e tenham plano de saúde”, enfatizou o presidente.
Lula lembrou do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier, que há cinco anos e quatro meses se matou depois de uma perseguição jurídica injusta. “Cancellier, você pode ter morrido, mas as suas ideias continuarão no meio de nós. Em cada momento que pensarmos em educação, em formação profissional, vamos lembrar de você. Aqui tem muita gente disposta a dar prosseguimento ao seu trabalho”, disse.
Para o presidente, somente a educação pode fazer com que o Brasil deixe de ser um país em desenvolvimento e passe a ser um país desenvolvido que acredita que é necessário investir nos ensinos superior, técnico e fundamental. E que é um papel do governo orientar para quais os cursos são os mais importantes, quais as áreas que o país mais precisa de profissionais. “É preciso aprimorar para combinar o desejo de estudar com as necessidades que o país tem.”
Por fim, Lula disse que voltou a ser presidente para fazer o país deixar de ser um eterno país em desenvolvimento, que é preciso quitar a dívida de 500 anos com as mais pobres, e isso só será feito com o fortalecimento do Estado. “Não podemos aceitar a negação do Estado. O Estado é o regulador da justiça social. O Estado pode indicar de forma mais correta quem mais precisa de recursos”, destacou.