Cerca de 350 mil mortes na pandemia ocorreram por fatores políticos, estimam físicos

Em torno de julho do ano passado, começou a haver uma correlação significativa entre mortes e adesão ao bolsonarismo

Um estudo realizado por professores dos departamentos de Física da Universidades Federais do Rio Grande do Norte e de Pernambuco apontou que, aproximadamente, 350 mil mortes na pandemia da Covid-19, no Brasil, até o final de 2021, ocorreram em decorrência de fatores políticos. O número corresponde a 57% do total de óbitos no período.

Por Carla Cruz | Via Saiba Mais

Em um artigo publicado no jornal periódico Plos One, que cobre pesquisas nos campos da ciência e da medicina, os estudiosos mostraram que os estados onde o presidente Bolsonaro teve mais votos, nas eleições presidenciais de 2018, foram, também, aqueles onde houve maior número de mortes pelo novo coronavírus.

“A narrativa frequente do governo em minimizar os efeitos da pandemia fizeram com que as pessoas fossem para a rua. E essas pessoas, que escutaram mais o presidente, até por serem base político-ideológica do governo, foram mais expostas ao vírus”, explica um dos autores do artigo, o professor potiguar José-Dias do Nascimento Júnior.

Os dados revelam que a correlação entre a taxa de mortalidade e o apoio político ao atual presidente cresceu à medida que a campanha de desinformação do governo foi desenvolvida. Em torno de julho do ano passado, começou a haver uma correlação significativa entre mortes e adesão ao bolsonarismo, como mostra a figura abaixo.

Dessa forma, conforme o estudo aponta, é possível afirmar que a influência da campanha de desinformação propagada pelo governo Bolsonaro é possivelmente a fonte de uma parcela considerável de mortes por Covid-19, cerca de 350 mil. Atualmente, os óbitos já passam de 688 mil no Brasil. 

“Nós chegamos a esse valor a partir do entendimento de como seria o comportamento geral, a partir de um estudo populacional e avaliação da evolução de óbitos na pandemia em lugares onde Bolsonaro não teve uma narrativa muito grande”, explica o professor José-Dias.
Analisando os mapas acima, percebe-se que estados como Roraima, Rondônia e Mato Grosso apresentaram altos índices de votação e de fatalidade na pandemia. Já Piauí, Bahia, Maranhão, Paraíba e Ceará, todos no Nordeste, onde Bolsonaro foi menos votado, apresentam menores taxas de letalidade.

Quem votou em Bolsonaro e acreditava muito mais nele, se expôs e morreu mais. Já aqueles estados que não acreditaram nele, que tiveram acesso a outras informações científicas e todas as outras possibilidades de mitigação da pandemia que a gente tinha antes da vacina, inclusive, se expuseram menos e morreram menos também”, finaliza o físico.

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