No dia 15 de setembro, Bubbacarr Dukureh (28), imigrante da Gâmbia, foi morto a tiros por policiais em um bairro de classe alta em São Paulo. Quando o crime aconteceu, Buba estava correndo pela Avenida 9 de Julho (Cidade Jardim) para aliviar a cabeça, o gambiano tinha adquirido esse hábito após perder o emprego em dezembro do ano passado.
Por Júlia Galvão
Os policiais Luiz Muller e soldado Gabriel, usaram a mesma desculpa de sempre. Buba teria resistido à abordagem e tentado agredi-los com uma faca. Por que “abordaram” o queniano eles não explicaram.
O imigrante vivia no Brasil desde 2014, sua esposa, Fernanda de Souza Almeida, comenta que Bubbacarr andava abalado desde o final do ano passado, quando perdeu o emprego, e usava as corridas durante a noite para se acalmar. “Ele estava muito diferente. Ele sempre foi uma pessoa tranquila e isso mudou nos últimos tempos. Ultimamente ele tinha criado o hábito de andar ou correr sozinho pelas ruas à noite para, segundo ele, aliviar a cabeça”, comenta a esposa.
Ela também declara que o marido carregava a faca durante as corridas a pedido seu, além do objeto, Buba também levava em sua mochila, segundo relatório policial, dois currículos de trabalho, duas estacas de madeira unidas por uma corda e dois relógios, um deles quebrado.
Fernanda estranhou a demora do marido para voltar da corrida e tentou ligar para ele inúmeras vezes sem ter resposta. Ela foi a uma delegacia próxima para saber se existiam informações sobre o marido e lá recebeu a notícia da ocorrência de um homem que apresentava as mesmas características que seu marido. “Disseram que tinha uma ocorrência de um homem com as mesmas características dele e que tinha sido morto pela polícia.”
Se a esposa de Bubacarr não tivesse ido atrás do marido, é provável que ele tivesse sido levado ao IML como corpo não identificado. Segundo o relatório policial, Buba foi morto às 20:50, mas a ocorrência de sua morte só foi registrada às 1 da manhã.
O gambiano era pai de uma criança de 3 anos e foi enterrado na Gâmbia, país da África Ocidental, no dia 3 de Outubro. Sua esposa tentou ter acesso às câmeras de segurança de lojas próximas ao local, mas os donos das lojas declaram apenas que as gravações foram entregues aos policiais. O Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC) está acompanhando as investigações sobre o caso.
Com informações da Ponte Jornalismo