Neste sábado (03), o Rock in Rio foi palco de muitas manifestações políticas. Bandas brasileiras que se apresentaram no festival homenagearam o povo preto, movimentos sociais e artistas consagrados. Além disso, protestaram contra as políticas genocidas de Bolsonaro, puxando coros contra o presidente até na transmissão oficial do evento na Rede Globo. As bandas se apresentaram em palcos menores do que o principal, mas reuniram um público imenso.
Por Thaís Helena Moraes
O grupo de rap Racionais MC’s se apresentou pela primeira vez no Rock in Rio, apesar de ser a banda mais influente do gênero nos últimos 30 anos. Eles tocaram sucessos como Capítulo, Mariguella e My Way. Ao fim do show, a canção Negro Drama relembrou o assassinato de pessoas negras no Brasil, projetando as fotos de Marielle Franco, Moise, Moa do Katendê, Agatha, João Pedro, Kathlen Romeu e outros. Racionais MC’s é referência nacional e sempre trouxe críticas sociais em suas composições; recentemente, seu álbum Sobrevivendo no Inferno foi adotado pela Unicamp como obra obrigatória para o vestibular.
A banda punk Ratos de Porão também aproveitou o espaço do show no Rock in Rio para se manifestar politicamente. O baixista Paulo Sangiorgio vestia uma camiseta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e a bandeira do Movimento foi estendida sobre uma caixa de som. Apoiador do MST, o vocalista João Gordo tem um projeto que distribui marmitas veganas a moradores de rua. Além de se posicionar a favor do Movimento, a banda também puxou o coro “Fora Bolsonaro”.
A Black Pantera, que toca crossover trash e metal, abriu o Rock in Rio em grande estilo. A banda homenageou a cantora Elza Soares, falecida em janeiro deste ano, com a música “Carne Negra”. A canção é um grito de denúncia ao racismo e à violência sistemática do Estado contra o povo preto. Durante o show, a banda puxou o coro “Fogo nos Racistas”, animando a multidão de fãs. Black Pantera é composta apenas de artistas negros, e suas canções abordam temas como política, racismo e discriminação em geral.
No Espaço Favela, a banda Gangrena Gasosa também homenageou religiões de matriz africana, como a Umbanda. O grupo define seu estilo como “heavy saravá metal” e mistura rock metal com elementos afro-brasileiros, criando uma identidade única. Durante o show, Gangrena Gasosa homenageou Exù e comentou que as músicas irritariam os fãs de metal “reaças”.
Fica a lição para o Rock in Rio: fazer música é fazer política, e é disso que os fãs gostam.