Um incêndio atingiu o prédio do Laboratório de Zoologia do Instituto de Biociência da Universidade Estadual Paulista (IBB-Unesp), na tarde de quarta-feira (31/08). De acordo com uma nota divulgada pela universidade, o fogo começou por volta das 16h e teve como foco laboratórios de pesquisa e salas de aula. O prédio foi evacuado imediatamente e não há registros de feridos. O edifício, localizado no campus Rio Claro, no interior paulista, abriga um grande acervo de animais conservados em álcool – o que resultou na rápida propagação das chamas. O Corpo de Bombeiros ainda investiga as causas do incêndio.
Por Camilla Almeida
Em nota, a Unesp lamentou as inúmeras perdas materiais para pesquisas e a extensão dos danos para a infraestrutura do instituto. Estima-se que foi destruído um acervo didático histórico de mais de 60 anos de estudos zoológicos, atingindo 30% de toda a estrutura do prédio. Além de microscópios e freezers, animais empalhados, espécies raras de insetos e moluscos e recursos foram totalmente destruídos. De acordo com o diretor do IBB José Eusébio de Oliveira Souza Aragão, “as perdas maiores foram nas coleções de animais utilizados para pesquisas que estavam inclusive em um armário novo. Outros pequenos laboratórios também foram atingidos. Além do prejuízo para a ciência, o prejuízo financeiro também é alto”. Por questões de segurança, as aulas do Instituto de Biociência e do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) do campus Rio Claro foram canceladas.
Sucateamento da ciência no Brasil
Nas redes sociais, estudantes da Unesp reclamavam há tempos das más condições das instalações, que corriam um risco prévio de incêndio. Tal conjuntura reflete uma difícil realidade no Brasil: o sucateamento das pesquisas acadêmicas em universidades públicas e a ausência de investimentos em ciência e tecnologia. De acordo com o relatório mais recente do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), publicado no início deste ano, o Brasil investiu cerca de R$ 89,5 bilhões no setor em 2019 – valor que corresponde a apenas 1,21% do PIB brasileiro.
Nesta segunda-feira (29/08), o presidente Jair Bolsonaro (PL) editou uma medida provisória que prevê o congelamento gradual de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal fonte de investimentos no setor. Com isso, mais de 70 projetos financiados pelo FNDCT seriam diretamente afetados, prejudicando novas iniciativas e possíveis descobertas científicas