Por Jornalistas Livres, Laura Capriglione e Marlene Bergamo
Edição de vídeo: Alcides Moreno
Uma das mais importantes lideranças da Nova Esquerda brasileira, o professor, filósofo, psicanalista, ativista, político e escritor Guilherme Boulos, aos 39 anos, já é apontado como o herdeiro natural do carisma de Lula. Nas eleições deste ano, Boulos decidiu concorrer a deputado federal, numa coligação PT-PSOL, para aumentar a presença da esquerda no Congresso Nacional. Nessa entrevista, o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e do PSOL explicita suas divergências com o PT, mas garante que fará de tudo para eleger Lula presidente. “Precisamos virar essa página trágica da nossa história”, diz ele, referindo-se ao governo de Jair Bolsonaro.
Engana-se, porém, quem acredita que tal apoio significa um cheque em branco para todo e qualquer movimento conciliatório de Lula. Boulos critica enfaticamente a chapa Lula-Alckmin porque acredita que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin pouco agrega em termos de número de votos à chapa anti-Bolsonaro (“ele conta com alguma expressão no interior do Estado, mas não é ninguém no restante do País”). E Boulos vai além. Diz que a chapa Lula-Alckmin manda sinais muito ruins para a sociedade, lembrando da repressão brutal sob o governo de Alckmin ao movimento de moradia, durante a reintegração de posse do Pinheirinho, em 2012. Também menciona o desmonte da escola pública promovido pelo ex-governador, a que Boulos assistiu da posição de professor da rede estadual de ensino.
Por Boulos, não haverá trégua na hipótese de Lula ser eleito presidente, em outubro próximo. “A tarefa do movimento social é mesmo a de cobrança, de levar as suas pautas. O movimento social tem que ser um elemento de pressão. Um governo progressista recebe pressões a todo momento do mercado financeiro, do agronegócio, da direita, do centrão. Então, ele precisa ter uma contrapressão do povo para equilibrar a balança e ter posições mais populares.”
Boulos: esperança na juventude
No vídeo, Boulos fala ainda sobre o diálogo necessário e respeitoso que deve existir com os evangélicos de diversas denominações. “Não dá para equiparar todos os evangélicos a pessoas como Silas Malafaia, apoiador de Bolsonaro desde sempre.” Também explica como acha que a esquerda deve tratar as pautas morais e comportamentais. E devota uma grande dose de esperança na juventude que vem por aí, incluindo suas filhas (Sofia e Laura), sobre as quais fala enchendo o peito de orgulho. Ele confessa que tem aprendido em suas andanças pelo País, e muito instigado pelos jovens, que não dá para só falar da fome, embora ela seja um elemento central no Brasil de hoje. É necessário combinar essa pauta com as causas ambiental, indígena, LGBTQIA+ e contra o racismo.
Boulos responde a todas as perguntas olhando firmemente no olho de seu entrevistador. Vale a pena assistir à íntegra da entrevista, uma lição sobre novas formas de se fazer política!
Leia mais reportagens dos Jornalistas Livres sobre Guilherme Boulos AQUI