Por: Leonardo Koury Martins¹
Assim como a elite capitalista trata a contabilização da tributação fiscal como impostômetro, a expressão econômica sonegômetro se refere a capacidade de não arrecadação do valor tributado legal. No Brasil, alguns tributos públicos chegam a somar a cada 1 real pago o mesmo valor sonegado. Em tempos de Pandemia, taxar as grandes fortunas é fundamental para garantir o mínimo de ajustamento tributário.
Na contramão da crise econômica mundial e dos chamados ajustes econômicos para passar pela crise atual, percebe-se apenas o ajuste para a classe trabalhadora. Nada também podemos esperar de um modelo de sociedade baseado pela relação classista, no qual quem detêm os meios de produção determinam como o estado caminhará.
No Brasil não é diferente na condução macroeconômica, porém o que consideramos de agravamento contra a classe trabalhadora ainda é mais latente do que em muitos outros países. Enquanto os ajustes estão na reordenação orçamentária de pastas importantes como saúde e educação, diminuição e novas formas de acesso aos direitos trabalhistas, temos baixos números na democratização do acesso à terra no campo e uma enorme sonegação fiscal.
No ano de 2019, quase meio trilhão, em números mais específicos segundo análise tributária do SindFisco, foram estimados R$ 499.957.555.439,26 em sonegação no país, que em grande e absoluta parcela é de responsabilidade do empresariado nacional e de especuladores do mercado financeiro.
Para compreender o tamanho da sonegação no Brasil, a mesma, equivale sozinha a mais de 10% de todo produto interno bruno, o PIB. De acordo com o Simprofaz, a média de R$ 68 bilhões deixaram de ser recolhidos em impostos das 100 maiores empresas, soma que vai para além da atual sonegação. Portanto, a crise é dos ricos, mas quem paga são os pobres.
Os pobres pagam pelo preço da violência, pagam no aumento da conta de luz do comércio, na diminuição dos direitos trabalhistas, na criminalização dos movimentos sociais, na falta de mobilidade urbana e no pagamento da falta de fiscalização e punição que colabora com a continuidade de uma notória sonegação no país.
Apenas uma outra ordem societária é responsável em construir uma outra relação de poder. Compreender os conceitos de classe, mais-valia, monopólio entre outros são fundamentais para entender quem são os verdadeiros inimigos das trabalhadoras e trabalhadores.
Quem ousa desconsiderar esta disputa cotidiana apenas contribui para a manutenção de um sistema estruturado na desigualdade e na opressão e que discursa por paz e liberdade. Oprimem todos os dias na prática e trazem a ilusão da qualidade de vida na teoria.
“A massa não é apenas objeto da ação revolucionária; é sobretudo sujeito”. Rosa Luxemburgo
¹ Leonardo Koury Martins – Assistente Social e Professor. Atua como militante nos Jornalistas Livres
Uma resposta
Gostaria de saber se é possível baixar o sonegometro e acompanhá-lo…