7 de Setembro vira cercadão eleitoral de Bolsonaro

Com falas de teor golpista que ressuscitam os horrores da ditatura militar, o 7 de setembro vira palanque eleitoral da campanha bolsonarista

Foi o que se previa. A celebração do 7 de Setembro, supostamente uma data cívica, foi transformada num ato de campanha rasteiro por Bolsonaro e sua turma. A patranha começou logo de manhã, quando o capitão expulso do Exército reafirmou suas intenções golpistas para apoiadores: “Queria dizer que o Brasil já passou por momentos difíceis, mas por momentos bons, 22 [revolta tenentista], 35 [intentona comunista], 64 [golpe militar], 16 [impeachment de Dilma Rousseff (PT)], 18 [eleição presidencial] e agora, 22. A história pode repetir, o bem sempre venceu o mal. Estamos aqui porque acreditamos em nosso povo e nosso povo acredita em Deus”.

Por Ricardo Melo

A cerimônia em praça pública de Brasília seguiu o mesmo tom. Uma multidão de fanáticos se reuniu para ouvir o usurpador. Bolsonaro tirou a faixa presidencial calculando que com isso pode escapar de ações na Justiça por usar o 7 de setembro como horário eleitoral gratuito. Antes, já havia usado a EBC, uma empresa pública, para convocar a direita a aparecer no ato em Brasília.
Aí subiu no palanque tendo como principal “autoridade” a seu lado… Luciano Hang, acusado de inúmeras contravenções, desde fiscais, eleitorais, fake news até articulações abertamente golpistas. Os presidentes dos demais poderes preferiram dar um perdido e não compareceram.
Fizeram bem. O discurso de Bolsonaro retomou a coleção de palavras chulas e desmedidas. Voltou a humilhar as mulheres a seu modo, declarando que o Brasil tem a melhor primeira-dama entre todas (aquela que recebeu dinheiro até hoje não explicado), que mulheres têm que ser “princesas” como Micheque (ops, Michelle). Convocou os brasileiros a reelegerem uma excrescência política para o bem vencer o mal e daí por diante.
Por que votar nele? Porque é “imbrochável”, afirmou! O machismo imbecil entusiasmou o grupo de convertidos. Passaram a gritar o termo num êxtase deprimente para um país onde mais de trinta milhões passam fome, outros tantos acordam sem saber se poderão fazer alguma refeição, o desemprego é mascarado pela “informalidade” e a maioria do povo sofre nas mãos do “vale tudo” em que se transformou o Brasil.
A festa neo-fascista ainda não acabou. Daqui a pouco o impostor estará em Copacabana. Preparem-se.

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