10 anos do Massacre do Pinheirinho, cometido pela PM de Geraldo Alckmin!

No aniversário da tragédia, é preciso lembrar e apontar os responsáveis para não repetir o erro

O Massacre do Pinheirinho aconteceu durante uma operação de reintegração de posse realizada em janeiro de 2012. Com população estimada em 9 mil habitantes, o Pinheirinho era uma imensa ocupação localizada em São José dos Campos, São Paulo. O terreno, que estava abandonado, pertencia à massa falida do especulador Naji Nahas e de sua empresa, a Selecta.

Com 1,3 milhão de metros quadrados a área foi, pouco a pouco, sendo preenchida por cerca de 1.200 casas, associações de moradores, sete igrejas (seis evangélicas e uma católica), estabelecimentos comerciais, espaços de lazer e uma grande praça batizada de Zumbi dos Palmares. Um verdadeiro bairro.

Tudo isso ruiu quando, na madrugada do dia 22 de janeiro de 2012, 2.000 soldados da PM auxiliados pela Guarda Civil Metropolitana de São José dos Campos, armados com revólveres, bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, com fuzis municiados com balas de borracha e sprays de pimenta atacaram violentamente os habitantes do Pinheirinho. Contavam com o apoio de 220 viaturas, 40 cães e cem cavalos, dois helicópteros Águia e carros blindados.

Mulheres grávidas foram agredidas por policiais mesmo sem demonstrar resistência. Crianças em pânico, velhos desesperados. Guerra contra os pobres. Um morador levou um tiro de arma de fogo, outro entrou em estado de choque, mais de 500 relataram abusos policiais e muitos disseram ter sido atingidos indiscriminadamente por balas de borracha. Uma família vizinha ao Pinheirinho denunciou ter sofrido abuso sexual e violência física por parte de policiais da Rota durante a desocupação.

Ex-moradora do Pinheirinho em abrigo provisório em ginásio de esportes após a desocupação violenta – Foto: www.mediaquatro.com janeiro 2012

O aposentado Ivo Teles dos Santos foi espancado por três policiais militares. Com traumatismo craniano, ele nunca conseguiu se recuperar e morreu no dia 9 de abril, ainda hospitalizado. Outro morador, Antonio Dutra Santana, foi atropelado e morto por uma motorista que perdeu o controle do carro após ser atingida por uma bomba de efeito moral.

Não sobrou nada

Demolidas as casas, igrejas, lojas e tudo o mais, o terreno segue vazio, agora coberto de mato. Governador à época, Geraldo Alckmin era, portanto, o comandante da PM de São Paulo. Foi sob suas ordens que a polícia cometeu o verdadeiro show de violências imposto aos sem-teto.

Como disse Guilherme Boulos, do PSOL, “é preciso recordar quem foi Geraldo Alckmin no governo do Estado. Relembrar para não repetir”.

Moradores queriam resistir à reintegração, mas foram traídos pelo governo do PSDB e massacrados sem chance de resistência – Foto: www.mediaquatro.com janeiro 2012

COMENTÁRIOS

4 respostas

  1. Demolidas as casas, igrejas, lojas e tudo o mais, o terreno segue vazio, agora coberto de mato. Governador à época, Geraldo Alckmin era, portanto, o comandante da PM de São Paulo. Foi sob suas ordens que a polícia cometeu o verdadeiro show de violências imposto aos sem-teto.

  2. A escolha do PT de Alckimin é um afronte e nos mostra que talvez os dois partidos tenham mais coisas em comum do que diferenças.

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